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Bom apetite, antropófagos!

Salvador, Pindorama, ano 456 da deglutição do Bispo Sardinha.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Primeiro texto de elaboração da Antropofagia por Oswald

MEU TESTAMENTO (1944)

O sarcasmo, a cólera e até o distúrbio são necessidades de ação e dignas operações de limpeza, principalmente nas eras de caos (23)

A moral socrática, apesar de seu tom de conquista social, levado avante por Platão e expresso na ética aristotélica (A humanidade tende ao bem geral) – apesar desse tom social – a moral socrática era a oposição individualista ao ciclo dionisíaco que a precedera. Isso não foi totalmente visto por Nietzsche. (26)

A vida na terra produzida pela desagregação do sistema solar, só teria um sentido – a devoração. Mas se bem que eu dê à Antropofagia os foros de uma autêntica Weltanschauung, creio que só um espírito reacionário e obtuso poderia tirar partido disso para justificar a devoração pela devoração. (28)

A diferença porém é frisante na atual transmutação de valores (...) Note que as massas sempre tenderam ao mitológico no seu desenvolvimento espiritual. Talvez hoje seja uma porta mística a que se escancara para elas, na História, mas na direção inflexível das realizações terrenas. Desta terra, nesta terra, para esta terra. E já é tempo. (29)

2 comentários:

  1. Antonio Roberto Mercês8 de maio de 2011 às 07:17

    Analizando o texto e fazendo um paralelo diacronico entre os idos classico e o tempo do artista , escritor , é possível entender à argumentaçaõ do autor. Pois à luz de seu tempo , Pindorama estava completamente na contramão da modernidade , pois as linhas dos pensamentos da modernidade ainda não tinha eco no seio da nova burguesia, ainda recentida e nostalgica de um pos-abolição e sem assimilar a nova ordem institucional.
    Tomando como referências as citações do proprio autor , é possível fazer um paralelo "Antropofagico " no conhecimento cognitivo , psico-analítico e por que não , também genético viceral, pois seguindo à linha "Antropofágica", somos; o que comemos , o que aprendemos ,o que experimentamos e que genéticamente herdamos.Tomando de empréstado (.. os nossos ídolos ainda são os mesmo , e vivemos com os nossos pais..).E para refletir ;"Não vivemos para comer , mas comemos para viver"-Sócratis, "Os bons são os que se contentam com sonhar aquilo que os maus fazem na realidade"-Platão, " O convidado é o melhor juiz de uma refeição que o cozinheiro.
    Antonio Roberto Mercês , BI de Humanidades , Noturno , UFBA.

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  2. é interessante pensar como a antropofagia, por mais abstrata rs, é bastante concreta. Abre-se mão da busca pela transcendência e da manutenção do ideal centrado na idealização e parte para a imanência mesmo, as coisas já criadas, o imaginário ao qual temos acesso, as produções que nos afetam, as possíveis de chegar até aqui, da forma como chegam aqui. Parece ser isso o que interessa a esse pensamento antropofágico, a força motriz não se encontra na idealização, pelo contrário, a potência em grande parte está nos ecos, nas distorções, na recepção após um percurso justamente tortuoso. Não me parece que as ideias deglutidas sejam efetivamente ideias, mas sim aquilo que já foi apreendido, entendido pela boca. Seria ilusório pensar que a produção européia chega aqui no nosso contexto sudaca da mesma forma que foi concebida, essa perspectiva me parece já assumir a maluquice que é a recepção como possibilidade super rica de emergência.

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