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Bom apetite, antropófagos!

Salvador, Pindorama, ano 456 da deglutição do Bispo Sardinha.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Texto de Julian Beck do Living Theatre

A TRIBO

A tribo é um grupo de pessoas enlaçadas pelo Amor. Dessa forma encontram formas de sobreviver, e dessa maneira a tribo exerce uma fascinação especial em uma sociedade carente de amor. A sociedade tolera as comunidades experimentais na medida em que pensa que elas somente dedicam-se a achar soluções para os problemas que nos colocam as proposições utópicas impraticáveis. Se não encontram as soluções práticas e concretas, terminarão por si mesmas. Se encontram as soluções, a sociedade tenta apoderar-se delas para as neutralizar. A palavra tribo é aqui utilizada para descrever grupos de pessoas que se acham próximos aos grupos étnicos, que não chegaram a perder nunca sua relação com a terra, o sol, a lua, o vento, a água, o fogo, a alegria, o prazer de conviver, de trocar as coisas primárias... Grupos cuja existência é o testamento de um certo tipo de natureza não artificial, que lida com a vida sem arrasá-la, buscando harmonia com a natureza das coisas. A tribo é um modo de fazer coisas divertidas e inteligentes juntos. Cada membro pretende o benefício e o bem estar de todos os membros. Uma comunidade onde os indivíduos não estão alienados uns dos outros. Movendo-se numa sociedade que morre de solidão e de seus terríveis efeitos – o amor artificial, a morte prematura por rivalidade ou inimizade, a morte por dinheiro, a morte por envenenamento do gás das indústrias e de nossas instituições e moralismos caducos – a tribo tem sobrevivido às forças opostas dos tempos graças à ajuda mútua. A influência da estrutura é forte e nós somos fracos. Mas nessa batalha vence o frágil, porque o forte está rígido e podre, mas os frágeis são flexíveis e estão vivos.

Extraído do livro “ The life of the theater” de Julian Beck

21 comentários:

  1. Uma tribo também pode ser assim: pessoas unidas a um bem comum, trabalhando juntas para sobreviver (físico-espiritualmente), onde não haja “politicagem” (o termo ai associado a malandragem); onde idéias e atitudes não sejam oprimidas, prevalecendo a liberdade como direito natural; sem guerras, sem disputas, sem obrigações, a não ser o respeito ao próximo. Natureza, paz, amor, arte... Ia ser lindo! E talvez chato. E porque não?

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  2. Um grupo necessita de duas coisas para ser uma tribo: um interesse em comum e uma maneira de comunicar.
    É preciso tentar entender o que desejam os membros da tribo e caminhar junto com eles num processo interativo.
    A tribo não faz o que você quer, a tribo faz o que ela quer!
    Vitor Carvalho – Turma 13 - Noturno

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  3. Ao ler o texto de Julian Beck do Living Theatre automaticamente identifiquei um ar de manifesto...não sei porque...
    Um manifesto utópico e belo.
    Fui pesquisar mais sobre o grupo e ví que a intenção é buscar novas formas de pensamento, relação com o próximo e com o trabalho exercído, os valores, a tolerância, a vontade de uma nova forma de agir, de ser livre...que se opõe as regras impostas. Enfim, um bacana novo estilo de vida para as manifestações artísticas, e por que ñ de estilo de vida?!

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  4. difícil pensar numa forma de viver mais certa de todas as outras, viver em tribo com certeza deve ser uma forma maravilhosa de se relacionar com o mundo que se estabelece em nossa volta, aprender a se relacionar com um grupo que se ama,alem disso, aprender a se relacionar com tudo em sua volta vendo a importância de cada coisa existente, em forma de vida ou nao. Minha duvida è: pode-se mesmo generalizar a sociedade em que vivemos dessa forma? acredito q mesmo n estando em tribos como a descrita (espero n generalizar quando digo isso, pois n sei a relação de cada um de vcs e dos outros com o mundo, a natureza, os minerais, vegetais, gases e outros(as)...) as pessoas ainda produzem coisas belas quando se trata de relações, as pessoas amam de suas mais variáveis formas e transformam e vivem isso o tempo inteiro, nao pode-se ver sò o lado ruim dessa sociedade q nao vive mais amando todos em um conjunto, viemos de gerações que dominaram e foram oprimidas, a desigualdade è um dos principais pontos que afeta nesse esquecimento do ''ver o outro como se fosse você mesmo, e transmitir esse conhecimento atravez do amor''. mas mesmo que umas barreiras tenham sido formadas, nao podemos esquecer que dentro de cada uma delas, pessoas praticam o amor de suas mais diferentes, peculiares e muitas vezes ''ate estranha'' formas.
    Dai penso, ahhh como eu queria viver numa tribo, conhecer todos, amar cada um daqueles poucos indivíduos que fariam parte de minha vida, viver em paz com a terra, amando-a também das mais variáveis formas e respeitando ela como mae. Ate me vem na mente a punição por eu ser quem sou, por ter perdido com as gerações que passaram, a minha natural forma de saber viver em tribo, o pensamento voa agora me vem a cabeça as pessoas que conheço, depois cada indivíduo que passou por mim nesse caminho alienado e torto que venho trilhando, cada sorriso, cada abraço, cada magoa, os aprendizados, as conquistas juntos, o compartilhamento de vida que tive com cada pessoa, isso me faz bambear na corda do fio da duvida, de cada lado formas de viver completamente diferentes, no pensamento um cruel equilíbrio na ponta do pè se fixa, negando-se a ter que decidir se realmente saberia escolher como viver se fosse dado como magica uma segunda chance de nascer.

    espero q eu tenha conseguido escrever oq tentei passar.

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  5. O que seria de nós, seres desta terra diversificada, cheia de surpresas, se o amor não existisse??!! Todos nós, idependente de cor, raça, religião, gosto, entre outras diferenças, necessitamos do amor e vivemos com ele o tempo todo ao nosso redor. Mas para que o amor se espalhe é preciso se permitir, se entregar, se libertar, e deixar que o outro faça isso, sem que haja opressão. A liberdade é um desejo comum! Então para que todos sejam atendidos é preciso apenas compreensão e respeito, além de uma boa comunicação. Vamos caminhar juntos em direção ao conhecimento buscando colocar em pratica as novas idéias e dividir o aprendizado.
    Lais Almeida - turma 13 - noturno

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  6. Em tempos de globalização destrutiva, as tribos parecem utopias. Entretanto só há solução para a sobrevivência do homem se mudar os paradigmas da “civilização” atual. Diante da “barbárie civilizada”, do consumo desmesurado, que alimenta a indústria de destruição e competitividade - destruição do próximo, do próprio corpo e da natureza; a reintrodução de valores como a solidariedade, o amor, respeito à natureza e a amizade podem ser a chave para sustentabilidade humana.
    Paula Maria dos Santos - BI de Humanidades Noturno - UFBA

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  7. Rafaela Guimarães- aluna do curso de Bacharelado de Humanidades/ noturno (turma 08)

    O texto traz uma concepção poética sobre o ser humano na sua convivência em grupo. Viver é se conectar nun emaranhado de teias que nos liga a outros semelhantes. Essa forma de estar no mundo compõe a vivência em comunidade. A semântica tribo serve para categorizar um grupo de indivíduos que compartilha sentimentos, pensamentos e relações. Essa concepção de tribo vai de encontro a sociedade que visa as relações com fins lucrativos, afastando os indivíduos das relações interpessoais em prol de conquistas concretas. O homem dessa sociedade morre na solitude infinita, nas guerras, nas burocracias institucionais e na frieza tecnológica.

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  8. Larissa Oliveira Morais Humanidades Noturno Sexta-feira13 de maio de 2011 às 12:33

    A descrição de tribo feita por Julian Beck é quase uma utopia, , uma comunidade perfeita e intocável. Comunidade vivendo com amor, e mais importante, amor ao próximo, solidariedade, harmonia, livre do domínio do poder, do capitalismo, violência e maldades. Existir uma tribo dentro de uma sociedade que é completamente o oposto disso parece impossível, pois o próprio ser humano é um ser imperfeito que sempre terá seu lado negativo, seus defeitos. Mas como mostra o perfeito ditado no final: "nessa batalha vence o frágil, porque o forte está rígido e podre, mas os frágeis são flexíveis e estão vivos.", existe a esperança.

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  9. O amor serve como arma no combate as opressões injustificáveis da sociedade "maior". As tribos surgem, inicialmente utópicas. Quando nelas os interesses se agrupam com o amor, com o respeito, com a união e com determinação, a corrupção passe longe dos seus limites. Corrompidos são os que ficam a margem, os que aguardam, covardemente, o último suspiro para deferirem o golpe.

    Pablo Paiva (BI HUM_NOT_UFBA)

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  10. Joice de Jesus Gonçalves - Estudante da UFBA - Bacharelado Interdisciplinar em Humanidade15 de maio de 2011 às 11:38

    A TRIBO

    Quantas vezes diante dos problemas do dia a dia temos a vontade de fugirmos para onde não existam cobranças e regras impostas pela sociedade; objetivos; ideais; status sociais e financeiros elevados; Profissão de alta qualificação. Sim fazer parte de uma tribo seria maravilhoso, estarmos em contato com o nosso eu, a natureza, o outro. Entregarmos-nos a diversão e ao prazer sem hora previamente estabelecida para início e término, nesse sentido teremos bem estar e proporcionaríamos bem estar aos outros, é sentirmos e vivermos um amor real por tudo que nos apaixona. É se entregar sem medo e sem reservas, é sermos sensíveis para apreciarmos tudo que o outro e natureza nos proporciona. É devorar com a alma e o coração, aquilo que nos traz paz, alegria e prazer!

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  11. O amor, onde estar, e o que é? se me disseres direi onde estar a "tribo". Vejo um tipo de "tribo" não enlaçada pelo amor mas sim a procura de seu espaço comum a seus agregados. Há na verdade um amor artificial onde o banzo local mesmo próximos de pessoas que "amamos" nos fazem morrer de solidão. A tribo, esta que o texto comenta se perdeu em um espaço e tempo muito distante. Na verdade a palavra tribo hoje tomou uma conotação negativa, falou-se em tribo é a mesma coisa que falar em grupos anti sociais que criam suas próprias leis seu próprio modo de viver.
    Marcelo luis pereira haca03-t08 noturno

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  12. Júlio Cézar Santos Raimundo Filho, Aluno do B.I. de Humanidades (Not.)19 de maio de 2011 às 12:52

    "A influência da estrutura é forte e nós somos fracos." Nesse trecho, entendi que a Tribo necessariamente constitui-se por membros que resistem à influência do sistema individualista que vigora nas sociedades atuais, e não está afastada por questões físicas ou culturais, tal como uma tribo indígena (não que os indígenas estejam mais "protegidos" dessa influência). A tribo escolheu ser tribo, mas nem todos nós, seres humanos, desenvolvem o "direito de escolha", estes são alienados, são "amesquinhados", e "egocentrizados"...Ainda dentre os que escolhem, temos os tribais, harmoniosos, não-alienados quanto aos seus semelhantes, e temos também o consciente (no sentido literal da palavra), que dá subsídios a "estrutura forte" e tem realizada a sua "utopia", que é o mundo como está.

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  13. Miguel Angelo Santos Assunção19 de maio de 2011 às 21:49

    Tribo, união, amor, tolerar, respeitar são elementos necessários para a sobrevivencia da alma humana, são valores, virtudes que estão em extinção, infelizmente o homem não parou par pensar que o progresso e o futuro da humanidade sempre estev ligados a interação humana, ao processo de tribalização. Quando acordamos e perceberemos que a solidão é a pior das escravizações que existem! quando li esse texto da tribo lembrei imediatamente do filme guerra de fogo pois o que mais me chamou a atenção foi o processo de tribalização para a sobrevivencia do grupo!

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  14. ANTONIO MENDES- BI HUMANIDADES NOTURNO- T.08
    O texto de Julian Beck revela a tribo como uma forma de conviver em grupo sem que haja uma relação de mal-estar entre as pessoas desse grupo. Isso é possível pelo fato dessa comunidade não estar voltada a uma sociedade que busca a competitividade e gira em torno do capital de lucro, por outro lado a tribo tem seu próprio carisma, são grupos de natureza não artificial que buscam harmonia com a natureza das coisas.
    Numa tribo o individualismo das sociedades civilizadas que empobrece e corrompe o homem, da lugar ao amor ao próximo que proporciona o coletivismo.

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  15. A vida tem se desvalorizado dia após dia. Ou talvez, aquilo que não deveria ter valor mensurado, dado o grau de sua importância, agora tem valores pré-estabelecidos. A vida pode valer um carro, um telefone celular ou um prêmio de loteria. O que quero dizer, é que o conceito de valorização da vida humana, agora caminha com um sentido objetivo da palavra “valor”, com o sentido financeiro da palavra. Característica da sociedade atual.
    A sociedade está extremamente subdividida. Inúmeros grupos brigam por interesses estritamente pessoais, desconsiderando os interesses comuns a toda a sociedade. Interesses que formam a base para se viver bem em regime comunitário. O interesse maior que deveria vigorar em uma sociedade, e que é a base da tribo, é o interesse no bem estar coletivo, privilegiando a relação do homem com a natureza e a relação do homem com seus semelhantes, valorizando os sentimentos e os valores primordiais à vida.

    Willian Mendes da Silva - BI - HUMANIDADES - NOTURNO

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  16. Interessante essa evocação desse povo que tanto já sofreu e continua sofrendo diante da sociedade capitalista e consumista de hoje. É uma pena constatarmos de quanto fomos pouco suficiente de absolver mais dessa cultura, que preza tanto a liberdade, a natureza, os laços afetivos e a vida como um todo.
    É uma pergunta que sempre me faço é de como seria o Brasil hoje se os portugueses não tivessem nos " descobridos "? É uma questão que jamais ninguém saberá responder por completo, mas é algo que gosto de imaginar...Seriamos mais primitivos? Valorizaríamos mais a natureza? A Amazônia teria mais arvores? e o efeito estufa estaria tão elevado? Enfim, é algo que prefiro pensar que estaria melhor do que está, mas já que infelizmente não somos assim como as tribos que ate hoje resistem, a unica forma é tentar reverter e rever alguns conceitos e processos para a construção de um mundo melhor.

    Jucicleide Borges Costa Turma 08 - Noturno

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  17. Thais Helena Loureiro de Oliveira24 de maio de 2011 às 07:42

    Como dizem por aí: "A esperança é a última que morre!" Porque não pensarmos que possa sim existir essa tribo, com amor, respeito mútuo, união e desejo de fazer sempre o melhor? E que isso não se limite somente a essa tribo, mas que se estenda por toda a sociedade?
    O mais importante é que mesmo isso parecendo utópico, precisamos lutar e tentar trazer todas essas coisas boas para o nosso convívio, para a nossa "tribo", porque se cada um fizer sua parte, quem sabe futuramente teremos um mundo melhor, mais justo e com mais amor e menos solidão?
    Precisamos devorar essa vontade por um mundo melhor!
    "Acreditar que as coisas podem ser diferentes é fudamental para a manutenção da própria existência" (Eugênio Mussak)
    Thais Helena Loureiro de Oliveira - BI Humanidades Noturno (turma de sexta-feira)

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  18. A necessidade de união e de compartilhar interesses do senso comum origina a tribo. Em uma sociedade totalmente individualista essas tribos são aceitas apenas por não apresentarem “perigo”, pois essa união no ponto de vista da sociedade é apenas para suprir a busca de soluções a questões utópicas inquietantes, e não sendo possível encontra essas respostas essa formação se desfaz sem a necessidade de intervenção e devido ao caráter usurpado da sociedade, se essa tribo encontra respostas á uma dessas questões, ela se apropria com a intenção de enfraquecer essa tribo. Essa união da tribo está ligada a consciência de um grupo de pessoas e que ainda estão ligadas a natureza e seus elementos. Dentro da tribo cada individuo busca o bem está comum a todos, sendo diferenciada da sociedade capitalista por não se interessar por bens matérias e pela moralidade forçada, a tribo simplesmente vive de uma forma mais livre e em contato com a natureza.

    Ana Claudia Santos da Cruz Silva - B.I. Noturno

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  19. Esse é o texto que mais me identifico, por diversos motivos, a nossa vivência em sala, com o grupo me proporcionando essa evolução expressiva, fazendo amigos e lidando com pessoas talentosissimas. Essa é a tribo de que o texto fala pra mim

    "Grupos cuja existência é o testamento de um certo tipo de natureza não artificial, que lida com a vida sem arrasá-la, buscando harmonia com a natureza das coisa..." Dessa forma apesar de todas as nossas diferenças como grupo, nossos obstáculos, conseguimos nos harmonizar, respeitando o outro e todas as suas particularidades.


    "...que não chegaram a perder nunca sua relação com a terra, o sol, a lua, o vento, a água, o fogo, a alegria, o prazer de conviver, de trocar as coisas primárias..." Isso é muito da nossa vivência em sala e na geodésica, nos permitindo, nos libertanto,sempre rindo e trabalhando sempre com diversão, em contato com a natureza que a geodésica nos proporciona.

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  20. Esse conceito de tribo literalmente está em falta na realidade que nos acomodamos a construir diariamente. Somos compelidos ao consumo e ao estado de aparência, onde o interior é constantemente mascarado e sufocado para dar espaço a princípios assustadoramente superficiais. E são esses princípios que insistem em subjugar construções profundas como o amor, empatia, cuidado, alteridade. Fica fácil ignorar aquela voz interior que guarda todos eles quando o exterior oferece tão veementemente saídas rápidas e ditas como certeiras para obter respostas satisfatórias para questões não tão simples como a vida. Mas a própria sociedade nos faz acreditar que isto é simples, e demanda de uma alienação simples para se concretizar. Aquele estado vazio que sentimos, que é constantemente preenchido com mais vazio? E que apesar de ser vazio, consegue nos alfinetar um pouquinho mais a intervalos regulares? São os restos dos sentimentos importantes se revirando no cemitério do nosso interior e sendo continuamente ignorados. Mas ignorar não quer dizer que não doa, só quer dizer que ignorar é se acostumar com a dor. Tudo sempre flui. E acredito que assim como essas coisas ruins fluem, as energias extraordinárias que permeiam na nossa interioridade, afastadas pelas trevas, também são capazes de fluir. E não há fraqueza maior do que deixá-las ir. Porque quando ninguém mais faz isso, aquela única voz que uma vez ou outra tem coragem de deixar o extraordinário livre rapidamente é silenciada quando não encontra nenhum tipo retorno: porque ninguém vive só. Então, sim, se trata de tribo: Todos interligando o extraordinário particular, uns com os outros. Não será fácil, porque equilíbrio não vem fácil, e porque o ser humano pode ser essencialmente podre também. Mas não é por causa disso que a gente tem que deixar de tentar e seguir com o plano espetacular do vazio, mais as alfinetadas, mais a comodidade, mais a superficialidade. Alguns ainda até conseguem o combo torpor. Exclusivos de uma sociedade capitalista. Sejamos utópicos, então, por favor, que seja. Só sejamos extraordinários. A utopia deveria ser o novo american way of life.

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  21. Antes da leitura, foi inevitável não pesquisar sobre o autor e temas relacionados à sua escrita e vida profissional, ao ler o texto de Julian construí muitos links com as informações colhidas anteriormente, inclusive não me pareceu estranho seu olhar tão utópico a respeito de uma convivência em grupo, porque atrelado a ele, vêm sentidos fascinantes conectados a um bem estar mútuo, a uma familiaridade com as coisas primárias e principalmente a intimidade com a natureza. Em momentos da leitura, tive alguns suspiros nostálgicos, como se eu já tivesse vivido naquela tribo, diferente da que hoje pertenço, e seguisse tentando recuperar essa sensação através das lembranças. Nos dias atuais, a tribo, retratada por Julian, se tornou uma ideia utópica, que em aspectos se assemelhou, em minha reflexão, com o gosto da infância e suas sensações. Então, todo o meu processo de leitura veio acompanhado da indagação “Mas seria tão mais fácil vivermos assim, por que não?”, porém as respostas sumiam automaticamente. Depois de uma longa reflexão, vejo o quão complexa tornamos nossa estrutura, como a comunicação se tornou rasa, as relações ganharam superficialidade e os elos de humanidade extrema escassez, e o pior é que tudo isso vem se naturalizando em nossa conjuntura social. Espero que Julian esteja certo quando diz que “A influência da estrutura é forte e nós somos fracos. Mas nessa batalha vence o frágil, porque o forte está rígido e podre, mas os frágeis são flexíveis e estão vivos.”, pois assim quem sabe alcançaremos o amor em sua plenitude.

    Stella Marys – Bi de Humanidades, noturno.

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